parte 1
Por Danúbia Almeida
“Eu sou novo em blog, estou fazendo um blog desde agosto de 2005 ...”
- Como é que surgiu, particularmente, o jornalismo na sua vida e como começou a tratar do assunto policial dentro do jornalismo?
Meu sonho era ser crítico de artes plásticas, e quando eu comecei a fazer jornalismo, eu morava em Benfica. Na verdade, as redações do Rio refletem um público de classe média, branca, sem nenhum racismo nisso, é até uma coincidência econômica.
Se você fosse ver as redações em 81, há 25 ou 26 anos, isso não se democratizou , é mais ou menos isso mesmo que está aqui, classe média e branca. Globo até nem tanto na zona sul, mas tem muito na zona norte, Niterói também. Já no JB, na década de 80, era uma redação, como se diz, bem elitista, só tinha um negro eu acho, que era o repórter J. Paulo da Silva que por acaso fazia polícia também.
Ou seja, quando você entrava numa redação assim, você primeiro ia para a reportagem geral, na época se chamava reportagem geral, e dentro da reportagem geral a tendência era você fazer polícia. Porque a cobertura de polícia, sempre foi renegada as pessoas com menos poder aquisitivo na redação; pelos próprios riscos da cobertura, pelas origens, pelas ligações, pelos contatos que se faz, porque também exige um jogo de cintura que os outros repórteres às vezes acabam perdendo.
Eu sempre considerei a reportagem de polícia, que hoje eu chamo de reportagem de crime, como uma escola importantíssima do jornalismo, os grandes jornalistas que já passaram por aí, alguns até morreram, como o Carlos Castelo Branco, que era um grande colunista político do Jornal do Brasil, por exemplo, foi repórter de polícia, e outros tantos aí você vai ver, em algum momento feliz, passaram pela reportagem de polícia, o que eu continuo achando, ainda, que seja a escola do jornalismo, impresso principalmente. Você pode começar na TV, você pode começar no rádio, e hoje em dia você pode até começar na internet; mas se você começa na parte de reportagem de crime no jornal impresso, você tem mais chance de entender, melhor, como funciona a coisa da reportagem, e que ela é o coração do jornal.
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" Eu sempre considerei a reportagem de polícia (...) como uma escola importantíssima do jornalimo."
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O repórter e a reportagem são, a meu ver, o coração do jornal; ou seja, os melhores jornais vão ser aqueles que têm as melhores reportagens e os melhores repórteres. Você pode ter tudo, bons colunistas, bons comentaristas, grandes editores, mas o repórter e a reportagem continuam sendo o motor principal desse negócio chamado jornal. É isso que faz a diferença, é por isso que você vai ver no jornal aquela matéria exclusiva, aquele furo, aquela grande reportagem que levou, ás vezes, dois meses para ser feita; é preciso material humano para isso, de gente que goste de reportagem, que faça a reportagem, e a reportagem é uma escola dentro do jornal. E eu acho que a escola inicial da reportagem está na cobertura de crime.
Quando eu cheguei à redação, meu sonho era fazer, na época, o Caderno B, e era fazer realmente artes plásticas. Eu comecei a ler o jornal (aprendi a ler jornal com meu pai) pela parte de notícias culturais, na época era o Caderno B era a grande revolução do jornalismo cultural do país, que hoje não é a sombra do que foi na década de 70 até a década de 80. Esse caderno era maravilhoso, tinha a nata da intelectualidade, dos colunistas. Então, eu gostava muito de artes plásticas, sempre gostei de cinema, então eu queria fazer aquilo, e quando eu cheguei à reportagem não tinha ninguém que me protegesse e que falasse: ‘olha, tem uma vaga para você no Caderno B’, senão eu teria ido. Eu fiquei onde eu tinha chance. Comecei quando consegui o estágio no JB! Eu não tinha padrinho, não tinha pistolão nenhum, naquela época não tinha concurso, hoje O Globo faz um concurso para estagiário, naquela época não tinha concurso, era você chegava à redação e: quem te indica?
(continua)
EM BREVE A CONTINUAÇÃO DESTA ENTREVISTA CONTANDO COMO JORGE ANTÔNIO BARROS CONSEGUIU O ESTÁGIO NO JB
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